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CARLOS MIGUEL BIA
( URUGUAI )
É inspetor da Corte Eleitoral do Uruguai, em que trabalha desde os vinte anos. Em sua juventude estudou violino e fez parte de orquestras típicas juvenis. Também foi da direção do Cine Club de Uruguay e colaborou em revistas especializadas. Seu contato com a literatura foi tardio, em 2007, quando publicou a novela Los versos del tarot.
Tem publicado em livros e Rede, Senhor de la melancolia, relatos.
RAPSODIAS. Selección de poesia contemporânea. Montevideo: aBrace editores, 2010.
96 p. ISBN 978-9974-8224-4-6 Ex. bibl. Antonio Miranda
TEXTO EN ESPAÑOL
Tríptico marino
1) Romance de las ondas del mar - Allegro Moderato
Soñé que soñaba un sueño
fuera mejor no soñar.
A mis oídos llegaban
las ondas graves del mar.
Pájaros de alas oscuras,
en bandadas vi cruzar
hórridos cielos de angustia
y abismos de soledad.
La luna enferma asomada
tras nubes de irrealidad;
era su brillo difuso
como fantasma ideal.
Tamizaban su luz tenue
Las ondas bravas del mar.
Me soñaba navegando
del loco viento al azar,
solitario marinero
de mi barca existencial.
Entre las olas perdido,
jugaba las olas perdido,
mi quilla hendiendo las aguas
ebrias de espuma y de sal,
ciegamente desafiando
las fieras ondas del mar.
Por esas aguas bravías,
de mi barca en zozobrar
en las oscuras arenas
de mi playa intemporal.
Vi una mujer que allí estaba,
desnuda la blanca faz;
cubría con negro manto
su blando cuerpo irreal.
En sus ojazos dormían
las negras ondas del mar.
Mi voz amaba el silencio
por no querer enturbar
los hondos ecos dolientes
de su canto de cristal.
Su voz era de misterio,
su acento de soledad,
como las voces perdidas
que a veces el viento trae.
Repetían su lamento
las tristes ondas del mar.
“Marinero, marinero,
ya nunca retornarás
por los húmedos caminos
a tu remota ciudad.
Rota tu barca velera,
sus jarcias rotas están.
Ven y duerme en mi regazo,
que en el olvido tendrás.
¿No sientes cómo te llama
la lejana voz del mar?”
En este punto no supe
Si morir o despertar.
En mi corazón lloraban
Las ondas graves del mar.
2. Las barcazas — Adagio sosteniendo molto
expressivo
Como sombras sin destino
que dolentemente pasan,
que diferentemente pasan,
soportando silenciosas
el agobio de su carga,
una y otra vez andando
la misma ruta nostálgica,
arrastran su soledad
por el río, las barcazas.
Fierro negro y gris de hollín,
destino de pena larga;
sombras que vienen y van
sin hoy, ayer ni mañana;
Melancólico gemir
de cadenas hemumbradas;
viejos fantasmas perdidos
entre el humo de las fábricas;
cuerpos oscuros que asoman
y se esconden tras las casas,
encerrados en la cinta
de esa estrecha vía de agua.
En su lento ir y venir,
materializan metáforas
de vidas que en soledad,
navegan sin esperanza,
ahogando su devenir
entre paredes muy altas,
mientras sueñan la amistad
de barcos en lontananza.
Para ellas no hay amores
aguardando en la distancia,
ni los colores más puros
despiertan extrañas ansias,
ni anima la fantasía
sus encantaciones mágicas.
Como pájaros perplejos
tras el frío de sus jaulas,
contemplan cada mañana,
añoran el cielo azul
y el mar abierto no alcanzan.
La noche cae y el silencio
va cubriendo las barracas;
Han dejado de portar
los hombreadores sus cargas.
La sombra es como un cendal
que sobre el puerto flotara,
dejando en la oscuridad
el suave fluir de las aguas,
y resignadas y graves,
siguen arrastrando impávidas,
lentamente, sobre el río,
su soledad, las barcazas.
3) La marinera — Finale - Allegretto
Marinero en alta mar
con el corazón ausente,
amo en mi barco tu cuerpo
y en el mar tus ojos verdes.
En el puerto los veleros
con el viento azul se mecen,
y se adormece mi amor
soñando que lo despiertes.
He pensado en regalarte
los colores de los peces,
y guirnaldas de corales
para adornarte las sienes.
Los barcos vienen y van,
los amores van y vienen.
Amarrada va tu imagen
a la cruz de mi trinquete.
Marinero en alta mar
con el corazón ausente,
amo en mi barco tu cuerpo,
y en el mar los ojos verdes.
No me llores, marinera,
porque mi barco se aleje,
piensa que debes guardar
tus lágrimas, por si vuelve.
Cuando tenga que zarpar,
quiero que así me recuerdes:
con mi barco de bolina
y el corazón al garete.
Si en una playa lejana
tu recuerdo se me pierde,
lo encontraré en el abrazo
tembloroso de la muerte.
Marinero en alta mar
con el corazón ausente,
amo en mi barco tu cuerpo,
y en el mar tus ojos verdes.
¿Por donde habrás de encontrarme,
si ya ni recuerdo tienes?
—Por donde los pescadores
echan a la mar sus redes.
Te encontraré, marineras,
aunque mi barco se niegue;
más fácil será encontrarte
si sopla el viento del este.
¿Y si sopla el viento sur,
Tan frio como la nieve?
—Te encontraré, marinera,
aunque el alma se me hiele.
Marinero en alta mar
Con el corazón ausente.
Amo en mi barco tu cuerpo,
Y en el mar tus ojos verdes.
TRADUÇÃO EM PORTUGUÊS
Tríptico Marinho
1) Balada das Ondas do Mar - Allegro Moderato
Sonhei que estava sonhando um sonho
seria melhor não sonhar.
Aos meus ouvidos chegavam
as ondas profundas do mar.
Pássaros de asas escuras,
em bandos eu vi cruzando
céus horrendos de angústia
e abismos de solidão.
A lua doente espreitava
por trás de nuvens de irrealidade;
seu brilho difuso era
como um fantasma ideal.
As ondas bravias do mar filtravam sua luz tênue
Sonhei que navegava
ao sabor do vento selvagem, ao acaso,
um marinheiro solitário
em meu barco existencial.
Perdido entre as ondas,
eu me fazia de perdido entre as ondas,
minha quilha cortando as águas
embriagadas de espuma e sal,
desafiando cegamente
as ondas ferozes do mar.
Através daquelas águas bravias,
meu barco quase naufragou
nas areias escuras
da minha praia atemporal. Vi uma mulher ali,
seu rosto branco nu;
ela cobria com um manto negro
seu corpo macio e irreal.
Em seus grandes olhos dormiam
as ondas negras do mar.
Minha voz amava o silêncio
para não perturbar
os ecos profundos e tristes
de sua canção cristalina.
Sua voz era misteriosa,
seu sotaque de solidão,
como as vozes perdidas
que o vento às vezes carrega.
As ondas tristes do mar repetiam seu lamento.
“Marinheiro, marinheiro,
você nunca retornará
pelos caminhos úmidos
à sua cidade distante.
Seu barco à vela está quebrado,
suas velas estão rasgadas.
Venha e durma em meu colo,
pois você será esquecido.
Você não sente como a voz distante do mar o chama?”
Nesse momento, eu não sabia
se devia morrer ou despertar.
Em meu coração choravam
as ondas profundas do mar.
2. As Barcas — Adagio sustenta molto expressivo
Como sombras sem destino
que passam melancolicamente,
que passam de forma diferente,
carregando silenciosamente
o peso de sua carga,
percorrendo repetidamente
a mesma rota nostálgica,
elas arrastam sua solidão
rio abaixo, as barcas.
Ferro negro e cinza fuliginoso,
destinadas a uma longa tristeza;
sombras que vêm e vão
sem hoje, ontem ou amanhã;
Gemido melancólico
de correntes entrelaçadas;
fantasmas antigos perdidos
na fumaça da fábrica;
corpos escuros que aparecem
e se escondem atrás das casas,
enclausurados na faixa
daquele estreito canal.
Em seu lento ir e vir,
elas materializam metáforas
de vidas que, na solidão,
navegam sem esperança,
afogando seu devir
entre muros altíssimos,
enquanto sonham com a amizade
de navios ao longe.
Para eles não há amores
à espera ao longe,
nem as cores mais puras
despertam estranhos anseios,
nem a fantasia anima
seus encantamentos mágicos.
Como pássaros perplexos
após o frio de suas gaiolas,
contemplam a cada manhã,
anseiam pelo céu azul
e não conseguem alcançar o mar aberto.
A noite cai e o silêncio
cobre os quartéis;
os carregadores cessaram de carregar
suas cargas.
A sombra é como um véu
que flutua sobre o porto,
deixando na escuridão
o suave fluir das águas,
e resignados e solenes,
continuam arrastando destemidamente,
lentamente, pelo rio,
sua solidão, as barcaças.
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3) O Conto do Marinheiro - Finale Allegretto
Marinheiro em alto mar
com o coração distante,
amo teu corpo no meu navio
e teus olhos verdes no mar.
No porto, os veleiros
balançam ao vento azul,
e meu amor adormece
sonhando que tu o despertarás.
Pensei em te dar
as cores dos peixes,
e guirlandas coloridas
para adornar teus templos.
Os navios vêm e vão,
os amores vêm e vão.
Tua imagem está presa
à cruz do meu mastro de proa.
Marinheiro em alto mar
com o coração distante,
amo teu corpo no meu navio,
e teus olhos verdes no mar.
Não chores por mim, farrapos de marinheiro,
porque meu navio parte;
lembra-te que deves guardar
as lágrimas caso eu retorne.
Quando eu tiver que zarpar,
quero que você se lembre de mim assim:
com meu barco a favor do vento
e meu coração à deriva.
Se em uma praia distante
sua memória se perder para mim,
eu a encontrarei no abraço trêmulo
da morte.
Marinheiro em alto mar,
com o coração distante,
amo seu corpo em meu navio,
e seus olhos verdes no mar.
Onde você me encontrará,
se você nem sequer se lembrar de mim?
Onde os pescadores
lançam suas redes ao mar.
Eu a encontrarei, marinheira,
mesmo que meu navio afunde;
será mais fácil encontrá-la
se o vento leste soprar.
E se o vento sul soprar,
frio como a neve?
Eu a encontrarei, marinheira,
mesmo que minha alma congele.
Marinheiro em alto mar
Com o coração distante,
Amo seu corpo em meu navio,
E seus olhos verdes no mar.
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